O desmatamento registrado na Mata Atlântica do Brasil entre os anos de 2018 e 2019, tiveram um aumento de 27%, informa dados levantados pela Fundação SOS Mata Atlântica em novas notícias divulgadas no final de maio de 2020. Os dados foram compilados no dia 27 de maio deste ano, data comemorativa do bioma. De acordo com o tamanho do desmatamento que vem ocorrendo ao longo dos últimos dois anos, não há nada para se comemorar, diz o Inpe (Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais), responsável pela divulgação da Fundação e pelas informações levantadas.
Segundo o Inpe, foram desmatados 14.502 hectares entre o começo de outubro de 2018 e o final de setembro de 2019. Em relação ao mesmo período anterior (2017/2018), o desmatamento da Mata Atlântica foi de 11.399. De acordo com o Instituto, os números estavam caindo nas últimas medições e tiveram um grande salto em 2019, ano em que o atual governo assumiu o poder.
A maior parte do desmatamento registrado no último levantamento está concentrada em Minas Gerais, Bahia, Paraná e Piauí, com 4.792, 3.532, 2.767 e 1.558 hectares desmatados, respectivamente. Esses estados também foram os que mais desmataram em medições anteriores. De acordo com os dados do Inpe, Rio Grande do Norte e Alagoas conseguiram zerar o número de áreas da Mata Atlântica desmatadas em seus estados.
Segundo o geógrafo e diretor de Políticas Públicas da Fundação, Mario Mantovani, os estados que mais estão desmatando são aqueles onde, os índices de desmatamento criminoso já eram os maiores em comparação com outros estados. “Em Minas Gerais, por exemplo, a derrubada de árvores para a produção de carvão vegetal é um dos maiores motivos do desmatamento. Já na Bahia, um dos maiores motivos é o plantio de soja. No Paraná, os grandes e pequenos agricultores não estão respeitando a lei e lutam por áreas que correspondem a Mata Atlântica”, explica Mantovani.
De acordo com o geógrafo, houve um grande aumento no número de hectares desmatados na Mata Atlântica desde a campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República em 2018. “Durante sua campanha, Bolsonaro deixou bem-claro que ‘não aceitava’ as legislações ambientais em vigor e iria flexibilizar a exploração de áreas preservadas. Para as pessoas que já desmatavam as áreas de preservação ambiental, o fato de Bolsonaro ter assumido o cargo em 2019 impulsionou a atividade criminosa”, afirma Mantovani.