Em meio ao caos global que o mundo tem passado nos últimos tempos, por conta da pandemia do coronavírus (COVID 19), a quarentena é umas das principais indicações para evitar ser contagiado pela doença e disseminar o vírus — trata-se de isolar-se em casa e cancelar, pelo tempo necessário, o convívio social.
A medida, entretanto, apesar de essencial, pode ter impacto na saúde mental da população — é o que mostra uma revisão de pesquisas, publicada em março na revista científica “The Lancet”, sobre os efeitos psicológicos da quarentena durante o período da epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que surgiu em 2002. Conforme o estudo, 29% das pessoas em quarentena apresentaram sintomas de estresse pós-traumático, enquanto 31% tiveram depressão depois do isolamento.
Em reportagem sobre o assunto, publicada no dia 19 de março, o Portal G1 afirmou que esse efeito colateral da pandemia também precisa ser objeto de atenção da saúde pública. “O período de quarentena pode desencadear um estado permanente de ansiedade. Além do medo de contrair a doença, quase sempre há perdas financeiras, por isso é tão importante que o governo disponibilize um canal de informações eficiente e permanente”, ressaltaram as notícias da matéria.
Em uma entrevista para a revista eletrônica “Quartz”, publicada em 15 de março, o psicólogo e escritor Frank McAndrew salientou que uma quarentena forçada é angustiante. “Estar em quarentena nos dá a sensação de estar à mercê de outras pessoas e de outras forças incontroláveis, como uma epidemia. Isso leva a um sentimento de impotência e incerteza sobre o futuro que pode ser muito perturbador ”, explicou o psicólogo.
Ainda segundo McAndrew, períodos prolongados em situações em que nada muda são capazes de levar as pessoas a se voltarem para dentro de si mesmas. “Para aqueles que não estão acostumados a essa introspecção e ruminação, a experiência pode levar a emoções negativas e, em casos extremos, um embaçamento dos limites entre o que está acontecendo na própria mente e o que realmente está acontecendo ao seu redor”, completou Frank McAndrew.
A revisão de pesquisas publicada na “The Lancet” fez, ainda, algumas ponderações importantes a respeito das quarentenas. Conforme a análise, nos períodos de restrição do convívio social, a “informação é fundamental — “as pessoas em quarentena precisam entender a situação”; a “comunicação eficaz e rápida é essencial”; e os “suprimentos (gerais e médicos) precisam ser fornecidos”.
“O período de quarentena deve ser curto e a duração não deve ser alterada, a menos que em circunstâncias extremas; a maioria dos efeitos adversos advém da imposição de uma restrição de liberdade; quarentena voluntária está associada a menos sofrimento e menos complicações a longo prazo; as autoridades de saúde pública devem enfatizar a escolha altruísta de auto-isolamento”, completou a revisão de pesquisas